São Gotardo/MG
10h37 18 Março 2024
Atualizada em 19/03/2024 às 17h51

ASSISTA: Confusão deixa grávida, mulher, homem e militar feridos, em São Gotardo/MG

Uma mulher foi presa pela PM sob a acusação de desacato, resistência e lesão corporal.
Por Priscila Pedroso e Marcelo The Back - TV KZ

Uma confusão que teve início durante uma abordagem deixou ao menos quatro pessoas feridas, sendo uma grávida, uma mulher, um homem e um militar. O conflito ocorreu na madrugada da última sexta-feira (15), por volta de 0h30, na Rua Esterlino Luiz Chaves, no Bairro Lírios do Campo, em São Gotardo/MG. Uma mulher foi presa pela Polícia Militar (PM) acusada de desacato, resistência e lesão corporal.

Segundo a PM, era realizada patrulhamento preventivo pelo bairro em um local conhecido pelos militares pela suposta prática de tráfico ilícito de drogas, sendo verificada uma movimentação suspeita na área, onde um rapaz correu e entrou por um beco, outro dispensou um objeto no chão e uma mulher teria escondido algo nas roupas. 

Durante a ação, ainda segundo a polícia, apareceu uma outra mulher a qual teria sido pedido pelos policiais que ela se afastasse do local, no entanto, ela teria desacatado os militares com xingamentos, momento em que algumas outras pessoas se aglomeraram no local. A mulher que supostamente desobedeceu às ordens dos militares recebeu voz de prisão em flagrante delito. Ainda de acordo com a PM, foi ordenado que ela entrasse na viatura por diversas vezes, porém, ela se negou e reagiu a prisão. 

A PM ainda alegou que para conter a multidão foi necessário o uso de força física pelos militares e a utilização de instrumentos de menor potencial ofensivo, como spray de pimenta, granadas de efeito moral e balas de borracha.

Imagens que registraram a confusão 

A redação da TV KZ teve acesso aos vídeos que circulam pelas redes sociais que mostram a confusão envolvendo os militares e os moradores. Em um dos vídeos, a mulher que foi presa e a filha questionam os policiais sobre o motivo da prisão sendo relatado por eles que ela teria desacato a ordem dos militares e supostamente interferido na abordagem, o que foi negado por ela. 

As imagens mostram ainda, que ao tentar ser colocada na viatura, a mulher se recusou e várias pessoas se reuniram no local questionando a ação dos policiais, momento que teve início o confronto. O vídeo ainda registrou também, a utilização por parte dos militares do spray de pimenta, das granadas de efeito moral e balas de borracha, além das pessoas tentando dificultar a ação da polícia. 

Durante o confronto, a grávida teria sido atingida na barriga e apresentava um ferimento semelhante ao tiro de bala de borracha. O irmão dela também ficou ferido ao ser atingido no braço. O homem aparece nas imagens com a blusa suja de sangue. 

Ainda há registro através de imagem da gestante ferida deitada em uma cama de hospital. 

Nota da PM 

Ainda nas informações divulgadas pela PM, nessa segunda-feira (18), os militares alegaram apenas que a mulher presa e um militar ficaram levemente feridos durante a operação. E que até o fechamento da ocorrência policial nenhum outro suspeito havia sido identificado. Com isso, a PM destacou que não possível determinar se devido ao uso dos instrumentos de menor potencial ofensivo alguém teria se ferido, como divulgado anteriormente pela reportagem. 

Apuração da TV KZ 

A redação da TV KZ conversou com a gestante, de 28 anos, que foi ferida. A mulher disse que teve o bebê um dia após o caso. Mãe e filha estão bem e já se encontram em casa. Ela é natural de Belém/PA, mas reside em São Gotardo há quase quatro anos, contou que é professora e cursa Direito e que a mulher presa é sua cunhada, a qual também é professora, sendo que ambas são funcionárias públicas. Sobre o início da confusão, a ex-gestante contou que sua cunhada chegou no local após uma das filhas ser uma das primeiras abordadas pela PM. Segundo a versão da família, a moça estaria esperando um lanche quando os militares chegaram. 

A mulher denunciou agressões por parte dos militares contra sua cunhada e a filha dela. A ex-gestante disse ainda que foi pedido pelos policiais que ela se afastasse do local, quando se afastou, mas acabou sendo atingida na barriga por um dos disparos. Ela disse também que estava filmando quando foi baleada.  

Ela relatou ainda que seu irmão atingido no braço é o marido da mulher que foi presa, a qual já foi liberada. A família disse que registrou um Boletim de Ocorrência.

Relato da filha da acusada

Uma jovem de 21 anos, filha da professora acusada de resistência e desacato, também procurou a TV KZ para dar sua versão. "Faço faculdade de direito e sou funcionária pública. Sou filha da moça que está sendo vítima, acusada de desacato à polícia militar. Minha mãe tem 47 anos, formada em pedagogia, é professora em duas escolas (funcionária pública) e não tem nenhum antecedente criminal. Obs muito importante: minha mãe está com dengue, extremamente debilitada e no dia do fato ela já estava doente, com febre, dores nas articulações e outros sintomas (temos como comprovar). Na madrugada de sexta, minha irmã, que se chama Victoria, 23 anos, estava esperando um lanche na frente de casa (o lanche chegou depois da abordagem policial, os policiais presenciaram isso) e foi abordada pelos PMs. Minha mãe saiu para ver o que estava acontecendo, os policiais mandaram elas se afastar e ela se afastou (eu estava junto em todos os momentos). Quando a abordagem terminou e não havia sido encontrado nada, o policial chamou outra viatura e ordenou que minha mãe (47 anos; doente com dengue; sem ter cometido nenhum crime e sem ter cometido desacato) entrasse na viatura. Minha mãe perguntou o motivo e eles não responderam e ordenaram de novo e de novo. Minha mãe questionou e eles partiram para a agressão, puxaram o cabelo dela, deram socos e empurrões. Eu e minha irmã, como filhas, tentamos intervir já que eles estavam abusando da autoridade que tinham. Eles jogaram spray de pimenta em mim, me atingiram, mas eu estava de moletom e não atravessou a barreira. Minha mãe ficou cheia de hematomas, com o psicológico abalado, pois jamais imaginou passar por essa situação.

Quatro policiais estavam envolvidos: um me segurava, um batia na minha irmã e dois seguraram e bateram na minha mãe. No final da confusão, que se tornou tudo isso, apareceu uma grávida que começou a gravar e acabou levando um tiro, assim como meu padrasto. Eles ficaram muito feridos."

Polícia Civil (PC) 

A reportagem da TV KZ fez contato com a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) que informou nesta terça-feira (19) que a suspeita, de 47 anos, foi liberada e um procedimento foi instaurado para a apuração dos fatos.

Veja algumas imagens do ocorrido em São Gotardo (ative o som):

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